G-O-R-D-A: É assim que se soletra “MARAVILHOSA”
Como a marca plus size Israelense Retema me fez sentir a mulher mais linda e empoderada do mundo.
Se você veste mais que o manequim 40, provavelmente já teve dificuldade para encontrar roupas que coubessem confortavelmente em você. Do short jeans coringa do verão, aos vestidos de festa que todas nós precisamos comprar vez por outra, tudo é um drama — o problema é que esse drama não é causado por nós, mas sim por uma indústria que se alimenta das mesmas desculpas de 20 anos atrás: “roupa de tamanho maior não vende”, “é difícil ampliar a modelagem”, e por aí vai.
Foi sempre assim: a roupa te escolhe (na maioria das vezes porque foi a única que coube), e não o contrário. E se no Brasil eu já sentia dificuldade com o padrão, em Israel me frustrei ainda mais! Encontrei lojas online com tamanho único P-M, modelagens absurdamente pequenas e a quase ausência do G ou de tamanhos maiores que o 38 nas prateleiras. Mas como a esperança é a última que morre, voltei a acreditar em uma moda mais inclusiva na Tel-Aviv Fashion Week, que tinha como mote a diversidade e a pluralidade não só pra inglês ver nas passarelas, mas também nos showrooms e na lista de convidados. Vi modelos de todos os tamanhos, idades, gêneros e religiões, um verdadeiro sopro de ar fresco frente às tantas semanas de moda brancas e magras mundo afora.
E foi na TLVFW que conheci a modelo Ray Segev, um mulherão de cabelos platinados, sorrisão e muito estilo, que fez bonito desfilando para os maiores nomes da moda Israelense. Não demorou 1 segundo até eu descobrir o nome e o Instagram daquela mulher tão bonita que mostrava pra mim que mesmo em um mercado tão pequeno como o de Israel, a indústria vai ter que abrir espaço SIM para a diversidade, e que nós vamos SIM ter que falar sobre quebrar padrões.
Tomei coragem, mandei direct cara de pau e disse que queria entrevistá-la (em breve, heim?). A resposta veio dias depois, quando Ray me convidou para um encontro com ela e com Rotem Levitan, designer da marca plus size Retema, em seu estúdio em Yafo.
A loja/estúdio era linda, espaçosa, com um baita espelho, e já estava numa profusão de clientes de todos os shapes indo e vindo do provador, pedindo mais e mais peças. O mais legal era ver que todas elas saíam da cabine com sorrisos enormes, admirando todos os ângulos possíveis da produção no espelho.
Vocês já entraram em uma loja em que tudo que gostaram cabia, vestia bem e tinha opções de cor e tamanho? Porque eu NUNCA estive em um lugar assim, e o simples fato de saber que aquela marca se preocupa com a minha auto-estima e produz roupas que me abraçam, e não me machucam, é sensacional!
O menor número da Retema é o 42 (meu número) e o maior, 50. São números reais, com uma modelagem coesa e confortável, e tecidos que deixam o corpo respirar e se movimentar — tudo pensado de mulher para mulher, sem desculpas e sem 42 fake que não entra nem na sua amiga mais magra.
É que não necessariamente a gente quer vestir menos, na maioria das vezes a gente só quer vestir e ponto. E de vestir a designer Rotem Levitan entende. Rotem se graduou em design de moda na Shenkar (sexta melhor escola de moda do mundo segundo o Business of Fashion), veste maravilhosos 42 e desde seu desfile de formatura em 2017, não para de ganhar mais e mais fãs e clientes.
E por falar em fãs, a maior delas no momento é a cantora Israelense Netta Barzilai, vencedora da edição 2018 do concurso musical Eurovision com uma música inspirada no movimento “me too”. A parceria das duas começou quando Netta ainda estava no concurso local que dava ao vencedor a chance de representar Israel na competição Européia. A cantora do hit “Toy” disse à Rotem que estava confiante em ir longe no programa e queria ser vestida por uma designer que entendesse seu corpo e seu poder. Não deu outra.
Rotem assinou muitos dos looks de Netta, e hoje mostra que com menos de 1 ano de formada já conseguiu abraçar muitas mulheres que assim como eu, se emocionam quando descobrem que existe a possibilidade de transparecer sua personalidade em uma roupa que é atual, confortável, sexy e de qualidade.
Toda mulher deveria poder se sentir bonita e leve ao comprar e vestir uma roupa, e hoje a Retema me dá mais ferramentas pra isso. Naquele dia no estúdio, me olhando no espelho, lembrei de todas as vezes que me disseram que eu precisava emagrecer porque estava gorda, ou que era “muito bonita de rosto pra ser gorda”. Se ser gorda — esse adjetivo que vem carregado de tantos preconceitos — é o que eu vi ali, então vocês acabam de inventar numa nova forma de chamar uma mulher de “maravilhosa”.
Como diz o mote da marca: ALL OF ME LOVES ALL OF ME. Segue o baile que eu tô pronta!
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